sexta-feira, 22 de abril de 2011

Movimento Civil de Protesto Não-Violento 6 De Maio.

Moçambicanos e moçambicanas. Amigos de todos os cantos do mundo e todos os que verdadeiramente amam esta terra e este povo. É hora de assumirmos os destinos das nossas vidas e do nosso país. Juntámo-nos uma vez para combater a primeira grande crise que nos assolou, o colonialismo português. Combatemos e vencemos. Porque quando a causa é justa, mais cedo ou mais tarde é reconhecida e a justiça reposta. Atravessámos o caminho tortuoso da guerra civil durante 16 anos. Guerra entre nós. Guerra entre moçambicanos. Porque irmãos moçambicanos entenderam que a nossa liberdade não seria completa enquanto determinadas liberdades não fossem conquistadas. Pegamos em armas, novamente. Derramámos sangue por elas. Conquistámo-las. Hoje somos um país independente e em paz. Hoje somos uma jóia para África. Mas, uma coisa nos caracteriza como moçambicanos, sempre soubemos a hora certa de lutar por nós e pelos nossos irmãos. Eis que ontem fomos convidados a pegar em armas para derramar sangue em nome da nossa pátria, sacrificamos parentes, amigos, família, bens materiais e sonhos individuais por um sonho maior. Esse será sempre o selo da nossa moçambicanidade, não o sangue derramado, mas a união por um ideal comum. O sangue, não o queremos derramado. Queremo-lo nas nossas veias, circulando, bombeado por corações moçambicanos.

O mundo atravessa uma grande crise, mas nós atravessamos também a nossa crise interna. Uma crise de gestão do que é património de todos nós e das futuras gerações. Uma gestão que, se assim continuar, ameaça despertar o espírito dos irmãos que uma vez forçaram a mudança a custa de sangue. Ameaça trazer a guerra de novo. Mas nós já regamos a nossa terra com sangue que baste. Agora é altura de nos unirmos e combatermos a nossa crise de forma firme, inteligente e decisiva, mas não-violenta, porque não é o sangue que nos uni, mas sim os princípios e os ideais. Por isso e pelo direito e dever de intervir como cidadão para melhorar a situação do meu país, levanto-me hoje eu, Azagaia, músico de intervenção social e convido-vos a todos a acompanharem-me num movimento civil de protesto não-violento a ser oficialmente lançado no dia 6 de Maio do presente ano. Protestemos contra a fome que ainda existe no nosso país, nas cidades e no campo, mesmo dispondo de um vasto e fértil território. Protestemos contra as enormes quantidades de madeira irregularmente arrancadas do nosso país para alimentar indústrias transformadoras de outros países, enquanto nós, donos dos recursos, não possuímos uma indústria transformadora bem estabelecida. Protestemos contra o facto de importarmos tudo e mais alguma coisa, quando formamos anualmente profissionais capazes de produzir, muitos deles abandonados por falta de influências no mercado de trabalho. Protestemos contra o facto do nosso governo sacrificar áreas vitais para a nossa economia e vida social, como a agricultura, a saúde, os transportes, a educação e a cultura para privilegiar áreas como a presidência e os serviços de inteligência. Protestemos contra este amor que ensinamos às nossas crianças e jovens, o amor ao dinheiro, aos bens materiais e à cultura de outros povos, em detrimento da nossa. Protestemos contra o salário miserável do polícia cinzentinho que, sem alternativas, torna-se criminoso para alimentar a sua família. Protestemos contra a polícia instrumentalizada para usar o medo como método de controle da sociedade. Protestemos contra a brutalidade policial. Protestemos contra as condições desumanas em que estão encarcerados a maioria dos reclusos, quando um grupo específico tem direito a tratamento de luxo. Protestemos contra os salários baixos que a maioria dos nacionais recebem comparado a cidadãos estrangeiros, mesmo em situações de igualdade de funções desempenhadas. Protestemos contra os juros proibitivos cobrados pela banca nacional que não nos dão outra alternativa senão o abandono das nossas iniciativas empreendedoras. Protestemos contra o facto de até hoje não produzirmos telenovelas moçambicanas que abordem assuntos sociais sob a nossa própria perspectiva e sermos obrigados a viver sob forte influência estrangeira nas áreas culturais. Protestemos contra o facto dos artistas nacionais não poderem viver da sua arte. Protestemos contra os intocáveis que mesmo conhecidos os seus crimes, circulam impunemente. Protestemos contra a qualidade de ensino que vem piorando. Protestemos contra as crianças de rua que são nada mais, nada menos, que produto da nossa hipocrisia. Protestemos contra a centralização de oportunidades de vida nas grandes cidades, o que faz com que o caponês ou a camponesa prefira transformar-se em empregada(o) doméstica(o), vendedora(o) de esquina ou até mesmo prostituta(o). Protestemos contra mega-projectos que pouco impacto têm na melhoria da vida dos moçambicanos. Protestemos contra as construções por cima dos mangais e em zonas com risco de erosão. Protestemos contra a venda e acumulação de terra nas mãos de alguns para mais tarde revenderem-na a preços especuladores, enquanto jovens recém-formados ou casados não têm habitação. Protestemos contra as universidades privadas que fazem do ensino apenas um negócio. Protestemos contra estas e outras coisas que espalham a pobreza, o crime e a cultura do egoísmo e ganância entre nós. Porque o fim último da corrupção, do nepotismo, do amiguismo, do seguidismo, do egoísmo, da ganância e culto de personalidade que praticamos todos dias, o fim último de vendermos a nossa dignidade, a nossa cultura, os nossos princípios ao preço de uma vida melhor só para nós e para o nosso pequeno circulo de amigos, o fim último de tudo isso será vendermos o nosso próprio país ao preço desses ganhos. Reparem que as iniciativas empresariais que mais empregam moçambicanos, não pertencem a moçambicanos. Os nossos bancos são um bom exemplo disso. Olhem para os viveiros de racismo que são os centros turísticos do nosso país. Reparem nisto e em outros sinais. É hora de mostrarmos que somos feitos da mesma fibra que os nossos heróis.

O sinal de protesto é simples e possível. A ideia é transformarmos cada um de nós na cara dos nossos ideais, na cara do nosso protesto. Por isso, em sinal de protesto, não cortaremos mais o nosso cabelo até que o governo moçambicano ceda às nossas exigências. Exactamente. Esse será o nosso método de pressão. O exercício da nossa liberdade. Sangue não será derramado, mas chegaremos ao coração de todos os que são responsáveis pela mudança. Pois esse é o lugar onde todas as guerras foram e são ganhas.


Maputo, aos 21 de Abril de 2011
O Movimento 6 de Maio

Ouve, descarrega e espalha a edição zero do "INFORmal", um programa mensal de rádio sem censura, dedicado à divulgação e debate de ideias relacionadas com o Movimento 6 de Maio: http://soundcloud.com/veryket/informal-zero

Qualquer contribuição, apoio, ameaça ou denúncia poderá ser encaminhada para movimento6m@gmail.com.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Minha agenda!


Após a saída da Cotonete Records, é legítimo que vos diga o que será da minha carreira doravante. Encontro-me a trabalhar de forma independente, colaborando apenas com pessoas interessadas. Segue-se então, em ordem cronológica, uma breve agenda e explicação:

1. Lançamento do 1º single oficial CUBALIWA e do single de rádio. As músicas chamam-se "Filhos da ...” e “A minha geração”, respectivamente. O single oficial tem a participação de N Star e o de rádio, a participação de Ras Haitrm. Este, muito provavelmente, será lançado antes do dia 6 de Maio. O single oficial, “Filhos da…”, será lançado no dia do 6 de Maio;

2. Dia 6 de Maio será o dia do concerto de lançamento do 1º single oficial do CUBALIWA, dia do meu aniversário e dia do início do Movimento Civíl de Protesto Não-Violento 6 de Maio;

3. Saída do vídeo do 1º single oficial;

4. Saída do video do 2º single oficial;

5. Primeira venda pública do CUBALIWA (mês previsto: Agosto/Setembro);

6. Concerto de lançamento do CUBALIWA.


Concerto 6 de Maio

O concerto de lançamento do 1º single oficial do CUBALIWA será no África Bar, dia 6 de Maio, iniciando às 22h. Terei como convidados, já confirmados, Trio Fam, Iveth, Rage e Tira Teimas, para a primeira parte do concerto e para a segunda parte, Guto, Ras Jenet, Ras Haitrm e Neto. Poderão haver surpresas.

A 1ª parte do concerto será com um Dj acompanhando os músicos e a segunda, com a banda WORD, SOUND & POWER.

* Vamos tocar os temas principais do BABALAZE e outras músicas que foram saindo nesse período. Tocaremos também músicas novas do CUBALIWA, umas por completo, outras apenas cheirinhos.
* O lançamento do Movimento Civíl de Protesto Não-Violento 6 de Maio acontecerá no meio do concerto.


De uma forma geral, estes são os eventos agendados até à saída do CUBALIWA em Agosto/Setembro de 2011.

Que Deus assim queira. Obrigado.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pronunciamento sobre a minha saída da Cotonete Records

QUANDO UM AMIGO PARTE, NEM SEMPRE PARTE A AMIZADE.

PONDEREI BASTANTE ANTES DE TOMAR ESTA DECISÃO. ENSAIEI MUITO ATÉ SENTIR QUE ESTAVA A FAZER A COISA CERTA. HÁ 1 ANO QUE ESSA IDEIA ESTAVA EM GESTAÇÃO. A COTONETE RECORDS FOI A MINHA PRIMEIRA FAMÍLIA NO HIP HOP. JUNTOS SONHÁMOS E CONCRETIZÁMOS. DESAFIÁMOS E CONQUISTÁMOS. TIVE A OPORTUNIDADE DE TRABALHAR COM PESSOAS TALENTOSAS COMO A IVETE, O RAGE, O IZLO, O PITCHÓ, O BAKA, O DJ DEVIL E O JOE. JOE QUE MAIS QUE UM MANAGER, FOI UM AMIGO DE TODAS AS HORAS. HOUVE OUTRAS MAIS QUE JÁ FIZERAM PARTE DA EQUIPA, FALO DO ROMUALDO, DO SÉRGIO QUE ESTÁ EM PEMBA E DE TANTAS OUTRAS PESSOAS QUE ACREDITARAM NUM MIÚDO QUE DIZIA TER OS TESTÍCULOS NO LUGAR. NO DIA EM QUE LANÇAMOS O BABALAZE NO MIMMOS, TINHAMOS ESTADO A MADRUGADA INTEIRA A CORRER ATRÁS DA GRÁFICA PARA QUE NOS ENTREGASSE AS CAPAS A TEMPO. MUITAS CAPAS SE ESTRAGARAM, MAS OUTRAS SERVIRAM. AS MAQUETES COM AS MÚSICAS DO ÁLBUM NÃO ESTAVAM PERFEITAMENTE GRAVADAS, HAVIA AS QUE NEM TOCAVAM, ENTÃO TIVEMOS QUE DISTRIBUIR OS DISCOS POR ALGUNS DE NÓS PARA VERIFICARMOS. MAS MESMO ASSIM HOUVE PESSOAS QUE COMPRARAM E RECLAMARAM QUE O CD NÃO TOCAVA. ALGUMAS SEMANAS DEPOIS ANUNCIÁVAMOS O RECORDE DE VENDAS, 700 CÓPIAS NUM DIA. DIAS DEPOIS ESTAVA NA PROCURADORIA. ALGUNS DIAS DEPOIS VIAJAVA PARA ACTUAR NA TUGA. ALGUNS DIAS DEPOIS VIAJAVA PARA CABO-VERDE. OUTROS DIAS DEPOIS SALTAVA DE ANGOLA PARA A DINAMARCA. COISAS QUE NUNCA ESQUECEREI.

SAIO DA COTONETE RECORDS PORQUE SINTO QUE, PASSADOS QUASE 5 ANOS, JÁ NÃO HÁ CONDIÇÕES PARA CONTINUAR LÁ COMO ARTISTA. OS MEUS IDEIAIS ACTUAIS EXIGEM UMA DINÂMICA QUE AINDA ESTOU A PROCURA. HÁ COISAS QUE COMO ARTISTA SINTO QUE PODEREI ALCANÇAR SEGUINDO OUTROS VOOS. SEI O QUE QUERO, POR ISSO SABEREI RECONHECER O PRÓXIMO LUGAR ONDE DEVO POISAR. E QUEM SEMPRE ACREDITOU EM MIM, SEMPRE ACREDITARÁ. POR ENQUANTO, ESTOU ABERTO A TRABALHAR COM QUEM TENHA BOAS IDEIAS PARA JUNTAR ÀS MINHAS.

LÍ EM ALGUM LUGAR QUE AS PESSOAS QUE NOS RODEIAM SÃO COMO FOLHAS, RAMOS, TRONCO E RAÍZ DE UMA ÁRVORE. AS FOLHAS SÃO OS AMIGOS QUE PASSAM RÁPIDO NAS NOSSAS VIDAS. VEM O VENTO E AS LEVA. OS RAMOS SÃO OS AMIGOS QUE DURAM UM POUCO MAIS, MAS ALGUÉM PODE PARTIR, CORTAR PARA FAZER LENHA, ENFIM, TÊM O SEU TEMPO NAS NOSSAS VIDAS. O TRONCO SÃO AMIGOS VERDADEIROS, NORMALMENTE PASSAM PELO DOCE E PELO AMARGO CONNOSCO, MAS UM DIA, UMA VIAGEM, UM NOVO EMPREGO, UMA NOVA SITUAÇÃO NA VIDA PODE NOS SEPARAR DELES. MAS ELES FICAM SEMPRE NOS NOSSOS CORAÇÕES. AS RAÍZES SÃO OS AMIGOS DE TODA VIDA, OS QUE SÓ MORREM QUANDO NÓS MORREMOS, ESSES SÃO RARÍSSIMOS. O ESCUDO DO MEU EXTINTO GRUPO DINASTIA BANTU É UM AMIGO TRONCO PARA MIM. O JOE E TODA A COTONETE RECORDS, SÃO AMIGOS TRONCO PARA MIM. EMBORA JÁ NÃO ESTEJAMOS JUNTOS, OS NOSSOS CAMINHOS CONTINUAM PARALELOS. AGRADEÇO A TODOS, DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO, O HIP HOP CONTINUARÁ A SER O NOSSO AMIGO RAÍZ.

A CAMPANHA PARA O LANÇAMENTO DO “CUBALIWA” COMEÇA NO DIA 6 DE MAIO NO ÁFRICA BAR ÀS 22H30. LANÇAREI A PRIMEIRA MÚSICA DO ÁLBUM. O SINGLE DE AVANÇO. O CONCERTO SERÁ AO VIVO E SEREI ACOMPANHADO PELA BANDA WORD SOUND & POWER. QUEM ESTIVER LÁ, SENTIRÁ UM BOCADO DO QUE SERÁ O ÁLBUM, UMA VEZ QUE BOA PARTE DAS FAIXAS JÁ EXISTEM. TEREI COMO CONVIDADOS A TRIO FAM, A IVETH, O RAGE, O TIRA-TEIMAS E O GUTO. MÚSICOS COMO RAS HAITRM E RAS JENET FARÃO TAMBÉM PARTE DA FESTA.


A CAMPANHA DO GOVERNO DO POVO VAI INICIAR. QUEM É POVO JÁ TEM O SEU LUGAR. QUE NINGUÉM SE ESQUEÇA QUE A MUDANÇA COMEÇA EM NÓS. POVO NO PODER!


Mano Azagaia, 05 de Abril de 2011

terça-feira, 5 de abril de 2011

COMUNICADO DE IMPRENSA

AZAGAIA DESVINCULA-SE DA COTONETE RECORDS

O rapper Azagaia, ou seja, Edson da Luz, desliga-se da Cotonete Records, produtora com quem trabalhou desde 2006, ano em que decidiu apostar numa carreira a solo.
Essa decisão surge depois de uma conversa objectiva entre o artista e o líder da produtora, Haydn David, em que foram revistos todos os termos e condições que fortaleciam a relação entre ambas partes. Assim, não encontrando tais condições de trabalho, ambos decidiram, amigavelmente, seguir por caminhos diferentes.
De referir que a Cotonete Records lançou o primeiro álbum do rapper Azagaia, intitulado “BABALAZE”, em 2007. Na sequência, o rapper encontra-se actualmente em estúdio a gravar o seu segundo álbum “CUBALIWA”, por outro lado, a Cotonete Records, segundo a sua agenda, emprega esforços para lançar o primeiro álbum do rapper Rage que, por sinal, também já está a ser gravado.
Nestes termos, vimos por este meio comunicar, oficialmente, que a partir da presente data, o rapper Azagaia deixa de fazer parte do elenco de artistas da Cotonete Records. Contudo, os mesmos continuarão a manter uma relação saudável e amigável de respeito e colaboração.

Cotonete Records
Maputo, 5 de Abril de 2011