quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mandela! Antes de Obama.

Muitos de nós idolatramos Obama. Olhamos para ele como o símbolo da esperança de um mundo mais tolerante, mais humano, mais inclusivo (se quisermos guebuziar a linguagem). Obama, o primeiro presidente americano negro (mulato, para os mais resistentes). Obama, o homem que venceu o preconceito num país marcado por uma história de racismo e desigualdade de oportunidades. Acho que teria o mesmo efeito no Brasil, mas isso é outra conversa. Muitos de nós corremos para reclamar o certificado de fabrico, Obama é africano. Os mais cautelosos limitam-se a supor: se Obama fosse africano. Eu confesso que festejei a vitória dele também. Já acreditei cegamente no Obama, até perceber que Obama é uma marca pensada e concebida para provocar esse efeito no público. Atenção: não deixei de gostar de Obama, ainda penso que a sua eleição foi importante para o mundo. Mas discordo completamente da ideia de transformar Obama numa resposta para as perguntas dos oprimidos no mundo. Até da tentativa de Obamizar os líderes mundiais. Incluindo os nossos, os africanos. Não enquanto tivermos uma inspiração mais forte e próxima: Mandela. Sim, Mandela. Lembram-se dele? Se se lembram e sempre o tiveram presente, por que nunca falaram em Mandelização dos líderes africanos? Bem, se falaram nunca teve eco, não como Obama. Será porque Mandela é mesmo nosso? E não anda pelos corredores do primeiro mundo?
Mandela é um exemplo para o mundo, e nem temos que discutir a sua origem, é mesmo africano. Mandela esteve preso durante décadas, condenado por defender uma África do Sul mais justa, sem diferença de oportunidades, sem leis que se apliquem para uns, mas não para outros, sem diferenças entre negros, brancos, mulatos, indianos ou qualquer outra classificação dos seres humanos segundo a cor da sua pele. Mandela foi chamado terrorista por defender esses ideais e quando foi libertado, e eleito presidente, para a surpresa de outros combatentes como ele, não escolheu o caminho da vingança, do ódio, mas sim o caminho do perdão, da reconciliação. Será que os seus pares alguma vez o entenderam? Será que os líderes africanos optariam pela Mandelização de África?
Mas as lições de Mandela não terminaram por aí. Um líder com o seu peso, com o reconhecimento do mundo, mais do que qualquer outro, africano, facilmente se perpetuaria na presidência do seu país até à sua morte. Que é o que me parece que alguns dirigentes africanos se sentem no direito de fazer. Mas Mandela não o fez. Deu lugar aos seus irmãos. Sinceramente, eu até fiquei triste quando soube que ele não continuaria presidente.
Hoje, 20 anos depois da sua libertação, eu penso que antes de Obama, e mais próximo, está Mandela. Um exemplo a seguir. Nenhum outro líder africano, vivo, combatente pela liberdade do seu povo, sofreu tanto por isso. Mas, mesmo assim, Mandela não se sentiu impedido de perdoar, nem no direito de explorar o seu povo que, supostamente, lhe deve os anos da sua juventude. Perceberam, senhores presidentes?

3 comentários:

  1. Bastante interessante. Se calhar seja problema de nos Africanos, para que algo preste, deve vir de fora, e por via disto não inche gamos o que esta muito perto de nos.

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  2. Alo irmao, sempre fui um grande admirador dos teus feitos, por ixo nao fiquei surpreso com esta BOMBA. parabens vamos edsonizar todos os mocambicanos com os teus ideais. aquele abraco

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  3. Falou e disse :) Adorei!

    Abraço

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