Um dia desses dei por mim a pensar em questões existenciais. E perguntava-me, qual é o futuro da humanidade? Bem, perguntava-me isso porque sou jovem, mas às vezes vejo-me a fazer discursos moralistas em relação a nova geração, e pareço velho. É verdade...já notaram que as novas gerações estão a chegar cada vez mais cedo? Miúdos de 15 anos têm outra lógica de vida. Outras motivações. Quem está na faixa dos 20, já está ultrapassado. Imagine os dos 30! É incrível a velocidade com que envelhecemos nos dias de hoje e "passamos do prazo". Basta não teres uma conta no facebook, uns ténis de marca, um carro moderno,
extensões na cabeça, saber falar inglês, para te passar ao lado um leque de transformações, e num belo dia, sais à rua, vais tomar um copo com os amigos e parece que estás noutro planeta.
Quando olho para a história da humanidade, vejo que ela tende a despir-se de preconceitos e princípios a uma velocidade crescente e vertiginosa. As bruxas que ontem eram queimadas ou apedrejadas por serem mais ousadas e seduzirem homens, hoje são verdadeiras deusas do Olimpo dos Hollywoods do mundo. Gigolô já não é vergonha, é profissão. É uma reforma em progressão geométrica. Hoje muda 1 item, amanhã mudam 5 e depois de amanhã 20. Nessa lógica, temos mais coisas que eram inconcebíveis há séculos, mas que hoje são normalíssimas:
-Sexo antes do casamento;
-Tratar os mais velhos por "tu" e partilhar os mesmos espaços de lazer;
-Roupas femininas com cada vez menos roupa;
-Crianças que vão à cama só depois da novela;
-Disputa do mesmo "mercado" de parceiros(as) por pessoas de idades extremas;
-Olhar para mendigos com disconfiança primeiro (ya, já ninguém sente pena);
-Ir a igreja só em datas importantes (baptismo, crisma, matrimónio, missa fúnebre)
-Partilhar filmes pornográficos a partir dos 9 anos (ou mais cedo, basta ter um celular que lê vídeos);
-Trocar beijos "apaixonados" à luz do dia;
-Não se preocupar com ortografia;
-E até uma sociedade que afronta os seus líderes.
Isto só para dar alguns exemplos, de certeza que os leitores conhecem mais.É quase certo que os princípios com que me educaram, não permaneceram os mesmos ou extinguiram-se. Será que na Era da Informação ainda podemos falar em princípios? Tenho as minhas dúvidas.
Mas o que me preocupa é que tenho uma filha de 2 anos que veio ao mundo inocente (perdoem-me, os católicos, mas nada de pecado original na minha pequena), e quando olho para ela, pergunto-me: que princípios? Que valores devo passar para ela? Se a primeira vez que eu disser que é tarde para ela sair e conversar com os amigos, a Tv, a Rádio, a Internet e até familiares irão me condenar? E eu que sou um crítico incorrigível ( e confesso que por vezes roço a hipocresia), acho que os meus dias na terra incurtarão cada vez que a minha menina usar uma saia curta.
Mas, há sempre um "mas", sou forçado a reconhecer que este mundo não pertence a ninguém, a nenhum princípio cultivado há séculos e muito menos a um pai inexperiente como eu. Os conservadores poderão dizer que a humanidade está perdida. Mas eu, cada dia que passa, começo a ser adepto de um outro clube, o Clube da Liberdade. Esse clube resume o que acho que será a humanidade num futuro breve, e já assim deve ser em alguns cantos do planeta. A única lei é que não há lei: tudo é permitido, desde que não prejudique o outro. Portanto, liberdade para todos. Liberdade de pensamento e acção. Liberdade sexual (liberdade mesmo hehe). Liberdade de adorar e seguir novos ídolos. Liberdade de diversão. Liberdade de ser criança ou adulto. Mas sempre cuidando para não ferir a liberdade do outro. (E claro, por mais difícil que seja, não se prendam muito a princípios, já temos muita gente a morrer subitamente de ataques cardíacos.)